Uma investigação do coletivo “All Eyes on Wagner” mostra que o grupo paramilitar russo Wagner criou um escritório na África. Isso seria chefiado por um certo Petry Bychkov.
Seu nome não é tão conhecido quanto o do famoso chefe de Wagner, Yevgueni Prigojine, o empresário russo apelidado de "cozinheiro de Putin". No entanto, Petry Bychkov seria uma das peças centrais do empreendimento russo, pelo menos na África. Um coletivo, “All Eyes on Wagner”, assumiu a missão de “vigilância das atividades de Wagner em todo o mundo”. É, em particular, uma questão, no portal deste coletivo, a influência do grupo paramilitar em Burkina Faso ou Mali.
Mas o interesse de acompanhar “All Eyes on Wagner” são as revelações sobre o sistema Wagner na África. O coletivo publicou uma nota sumária, veiculada por alguns meios de comunicação inclusive a rádio RFI, na qual afirma que o grupo russo é muito mais que uma empresa paramilitar: Wagner teria de fato um escritório africano, que reuniria uma equipe de “cientistas políticos ” dedicado ao continente. Ao todo, várias dezenas de especialistas, particularmente em “assuntos públicos”, estão trabalhando em questões africanas.
Especialistas com currículos impressionantes
O escritório africano do grupo, criado de acordo com "All Eyes on Wagner" no final de 2018, está longe de ser uma casca vazia. O coletivo se baseou em faturas e anotações internas para mapear os funcionários do que os membros de Wagner chamam de “Africa Back Office”.
Antes muito discreto, Wagner parece aliás assumir cada vez mais a sua extensão africana: Evgueni Prigojine lançara um projecto baptizado, sem ambiguidades, “Africa Politology”. Um projeto imediatamente colocado sob sanções pelo Tesouro dos EUA em janeiro passado.
Mas Prigojine não seria o número 1 do grupo na África. O empresário está de fato mais ocupado em Moscou do que no continente e teria dado a direção de seu escritório na África a um certo Petry Bychkov. Poucas informações existem sobre este homem, de quem “All Eyes on Wagner” não sabe se continua à frente do famoso “Back Office Africa”.
Segundo um membro do coletivo, Bychkov é “muito conhecido nos círculos de comunicadores políticos” na Rússia. À frente do escritório africano de Wagner, ele conta com uma equipe de alto desempenho. Entre os importantes executivos do grupo no âmbito de suas atividades africanas, um certo Dimitri Sytyi. Oficialmente diretor do centro cultural Russian House, em Bangui, Sytyi tem um currículo sólido: “faz parte dessa nova geração de russos educados nas grandes escolas e que viajam por toda a Europa”, resume o coletivo.
Ciência Política, Sociologia e Pesquisa
Acima de tudo, Dimitri Sytyi teria trabalhado na Internet Research Agency. O lugar ideal para aprender sobre ações de influência digital. Chamado à República Centro-Africana, Sytyi foi regularmente visto ao lado do Presidente Touadéra, a quem chegou a acompanhar em algumas viagens à Rússia.
Mas, segundo o “All Eyes on Wagner”, Dimitri Sytyi – oficialmente ferido por um pacote-bomba, segundo os russos – é apenas um dos muitos peões do grupo paramilitar na África. Outros, como Yulia Afanasyeva e Alexander Malkevich, trabalham disfarçados como observadores eleitorais para figuras africanas. Diz-se que Prigozhin formou toda uma equipe de “tecnólogos políticos russos” que exploram a África e “estão interessados na situação sociopolítica e na pesquisa sociológica” no continente, segundo o Kommersant. Para isso, ele também teria criado diversas organizações, como a AFRIC (Associação para Pesquisa Livre e Cooperação Internacional), que permitiria a Wagner atingir novos mercados.