No Sudão do Sul, usado em contratos públicos e privados, o dólar americano está banido. A libra do Sudão do Sul será agora preferida.
O estado mais jovem do mundo, que conquistou sua independência em 9 de julho de 2011, está cortando relações com os Estados Unidos? Entre o país do Tio Sam e o Sudão do Sul, a história costuma ser comum: os EUA de fato trabalharam pela independência do Sudão do Sul, que conseguiu rapidamente o reconhecimento das Nações Unidas graças a Washington.
Na década de 1980, os Estados Unidos apoiaram o Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA) e participaram das negociações em 2002 entre o SPLA e o governo sudanês. Mas, aos poucos, Washington recuou, perdendo o interesse pelo país que os próprios Estados Unidos ajudaram a criar. O país do Tio Sam reduziu drasticamente sua presença diplomática ali, permitindo que massacres ocorram com total impunidade.
Como depois de todas as guerras civis, a situação econômica não é muito boa no Sudão do Sul. Os Estados Unidos têm ajudado regularmente o país, como no final do ano passado, com uma ajuda de US$ 43,5 milhões para treinar 500 jovens líderes. Mas o fato de as transações dentro do Sudão do Sul serem feitas principalmente em dólares americanos não agradava mais às autoridades locais.
Mudança de hábitos
O uso do dólar americano foi, de fato, proibido pelo governo, que agora quer que todas as transações sejam feitas na moeda local. O ministro da Informação do Sudão do Sul, Michael Makuei Lueth, diz que esta é "uma diretiva do Banco Central" e prevê que "todos os contratos comerciais devem, portanto, ser assinados em nossa moeda local".
A libra sul-sudanesa é, no entanto, muito volátil, daí a preferência, para transacções, pelo dólar americano. Mas o presidente Salva Kiir nomeou um comitê de especialistas que enviou ao governo várias propostas de medidas, incluindo esta.
No Sudão do Sul, a grande maioria – 90% – da receita do estado vem das exportações de petróleo. A utilização da libra sul-sudanesa, porém, surpreendeu: a moeda local, entre 2013 e 2022, de fato despencou em relação ao dólar, com uma desvalorização de 97,5%, segundo Ilyes Zouari, presidente do Centre d'études e reflexão sobre o mundo francófono.
O Banco Central do Sudão do Sul, no entanto, acredita que a proibição do uso do dólar americano ajudará a conter a volatilidade da taxa de câmbio. Seu governador, Johnny Damian Ohisa, também pede aos turistas que paguem suas viagens – voos, hotéis e lazer – em libras locais.
Agora resta saber como o Estado controlará as transações. O Governador do Banco Central indica que várias instituições governamentais e financeiras, ONGs e muitas empresas utilizam regularmente o dólar americano. “Essa prática inaceitável prejudica fundamentalmente e ameaça corroer a confiança do público no SSP como moeda legal. Deve ser absolutamente desencorajado”, disse ele.