Na África, os irmãos dos presidentes são onipresentes. Na política ou nos negócios. Da Costa do Marfim ao Sudão, passando por Burkina Faso, quem são os "irmãos de" mais influentes?
Esta quinta-feira, o Africa Intelligence informa que no Burkina Faso, Ibrahim Troaré rodeou-se de dois assessores de comunicação. O presidente burquinense da transição fez uma escolha de confiança ao se cercar em particular de seu irmão. Em vários países africanos, os irmãos têm um papel importante junto aos presidentes, a quem assessoram diretamente.
O mais conhecido deles é certamente Téné Birahima Ouattara. Apelidado de "Fotocópia", por ser o sósia de Alassane Ouattara, o Presidente da Costa do Marfim, Téné Birahima é sem dúvida o irmão que herdou o maior poder do continente: se é agora Ministro da Defesa da Costa do Marfim, um posição, ele foi o tesoureiro do palácio presidencial por um longo tempo. Era então ministro dos Assuntos Presidenciais e era ele quem geria as finanças do palácio, mas também da primeira-dama e dos fundos soberanos. Seu poder financeiro, combinado com um lugar de escolha dentro dos serviços de inteligência, fez dele um dos homens fortes do regime marfinense.
No Sudão, nas sombras, os irmãos de Hemeti
Mais no noticiário, o general Mohammed Hamdan Dogolo, conhecido como “Hemeti”, também contou com seus irmãos, de quem extrai seus conselhos. Estratégico, com o irmão Abdul Rahim Hamdan Dogolo, que é vice-comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF) e que, em 2021, esteve à frente de uma delegação que negociou a assinatura dos Acordos de Abraham. E imagem, com o outro irmão, que faz a comunicação do general, principalmente de Dubai. Uma maneira de os militares delegarem certas missões com confiança, enquanto se concentram na guerra que está travando atualmente contra o general al-Burhane.
No Senegal, a situação é um pouco diferente. O irmão do presidente, Aliou Sall, não é necessariamente o especialista em assessoria política, mas aproveita como pode o poder político do partido no poder. Aliou Sall está imerso em vários escândalos financeiros. Para evitar espirrar água no palácio, Aliou Sall foi gentilmente dispensado. “Desde a reeleição do presidente em 2019, eu queria entrar na política com facilidade. Não abandonando completamente esta área, mas também fazendo outra coisa…”, explicou ao Jeune Afrique alguns anos atrás.
No Gabão, Pascaline hesita entre o irmão e o ex-marido
Assessorando ou aproveitando as redes políticas dos chefes de estado, os irmãos dos presidentes sempre estiveram onipresentes na história do continente. Recordamos Saïd Bouteflika, na Argélia, que conseguira inserir-se na cadeia das decisões, no meio dos generais. Na RDC, sob o comando de Kabila, sua irmã gêmea, Jaynet Kabila, dividia a vida entre os negócios e a comunicação. No Gabão, foi Pascaline, irmã de Ali Bongo Ondimba, quem teve um papel importante, chegando a ser ministra das Relações Exteriores do país. Mas ao arbitrar a batalha entre o irmão e o ex-marido, Jean Ping, a filha de Omar Bongo preferiu se afastar da política.
Porque ser “irmão de” nem sempre é fácil. No Togo, Faure Gnassingbé sabe disso muito bem. Embora tenha se dado bem com Kpatcha Gnassingbé, que o havia nomeado, quando chegou ao poder, ministro da Defesa, tudo se empolgou quatro anos depois. Em abril de 2009, forças especiais partiram em busca de Kpatcha. Ele é finalmente preso e condenado a 20 anos de prisão por uma suposta conspiração contra seu irmão, quando se distanciara de Faure Gnassingbé, certamente em desacordo político com este último.