O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, concorre à reeleição. Mas as eleições gerais previstas para 2024 podem mesmo acontecer?
As eleições no Sudão do Sul são uma mera miragem? Como na Líbia, as eleições há muito foram anunciadas. Antes de ser adiado várias vezes. É preciso dizer que no Sudão do Sul a situação é no mínimo tensa: o conflito durou anos e, mesmo que um acordo de paz tivesse sido assinado em 2018, é difícil ver progressos. Finalmente, em março, um governo foi nomeado. O que sugere que a democracia está finalmente em movimento?
De qualquer forma, esta quarta-feira fica marcada com pedra branca: o presidente do país, Salva Kiir, anunciou de fato sua candidatura às eleições presidenciais de 2024. Oficialmente no cargo desde 9 de julho de 2011, data da independência do Sul Sudão, Salva Kiir, portanto, sempre reinou sobre o jovem país. De fato, uma eleição presidencial havia sido planejada e anunciada em 2015. Mas, por causa da guerra, ela teve que ser abandonada.
Ao assinar o acordo de paz de 2018, as várias partes concordaram em finalmente realizar eleições. Previstos para o final de 2022, mais uma vez tiveram de ser adiados e fixados para 2024. Desta vez, com a esperança de que realmente se realizem.
A candidatura de Salva Kiir é, de qualquer forma, simbólica: é, de certa forma, o início da campanha. Com quatorze anos no poder, o Movimento de Libertação do Povo do Sudão (SPLM) espera retomar o poder em 2024.
Mas é um verdadeiro exercício democrático que deve acontecer, com eleições gerais. Os eleitores, de fato, votarão em seus deputados e governadores, além de eleger seu presidente. Uma primeira eleição histórica. Mas ainda não chegamos lá…
Se Salva Kiir promete "eleições transparentes, justas e credíveis", nada está pronto ainda. Ainda é necessário, para o presidente, fazer a Constituição do país, já que, por enquanto, apenas uma constituição provisória foi escrita.
Quanto aos organizadores das eleições gerais, sabemos que o tempo está a esgotar-se: será preciso identificar as populações, constituir listas eleitorais e fazer respeitar o futuro código eleitoral. E isso não é pouca coisa. Os observadores consideram, para alguns, que o atraso não é recuperável e que o objetivo de 2024 é demasiado ambicioso.
Até porque a famosa Constituição está longe de ser aprovada. Pior, ainda não está escrito. Uma comissão encarregada de elaborá-lo deve tomar posse, mas ainda estamos longe disso. Quanto à comissão eleitoral, ainda não foi constituída. Por fim, a situação do país – a violência ainda persiste – não ajuda a imaginar uma eleição pacífica no ano que vem.