Acusado de ter pedido ao seu Ministro dos Negócios Estrangeiros para falar com o chefe da diplomacia israelita, Abdel Hamid Dbeibah está encurralado por todos os lados. Será que ele manterá o seu posto como primeiro-ministro da Líbia?
Enquanto, durante uma reunião que teve lugar há dez dias em Benghazi, el-Menfi, Salah e Haftar apelaram ao fim da interferência ocidental na Líbia, uma personalidade importante destacou-se pela sua ausência: a de Abdel Hamid Dbeibah. O primeiro-ministro líbio, que se mantém no cargo apesar do pedido da Câmara dos Representantes para deixar o cargo de primeiro-ministro em fevereiro de 2022, discorda dos três homens que iniciaram a mediação.
Abdel Hamid Dbeibah terá agora grande dificuldade em manter qualquer legitimidade. Em primeiro lugar porque, em meados de Agosto, não conseguiu canalizar as milícias de Trípoli, que deveria controlar. Dbeibah ficou impotente quando estas milícias ensanguentaram a capital líbia.
Nos últimos dias, foi o povo de Trípoli que decidiu exigir a saída de Dbeibah do cargo de primeiro-ministro. Já faz três noites consecutivas que os manifestantes marcham pelas ruas da capital líbia. Protestam contra uma reunião, que teve lugar em Roma, entre a Ministra dos Negócios Estrangeiros do governo Dbeibah, Najla al-Mangoush, e o chefe da diplomacia israelita, Elie Cohen.
Uma missão ordenada por Dbeibah?
Fortes manifestações durante as quais os líbios exigiram a renúncia de Dbeibah e de todo o seu governo. Porque o Primeiro-Ministro tentou acalmar as coisas demitindo o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros. Mas isso não mudou a situação: Dbeibah foi empurrado para a saída, para alegria dos rivais.
O Parlamento líbio em Tobruk reuniu-se para solicitar uma investigação ao Procurador-Geral de Trípoli sobre o que equivale a traição. Os parlamentares querem saber qual o papel que o Primeiro-Ministro desempenhou nesta reunião com um dignitário israelita. O Alto Conselho de Estado também reagiu exigindo que Dbeibah fosse inelegível caso estivesse envolvido nesta entrevista entre al-Mangoush e Cohen.
Surgiram acusações de interferência israelense. Cerca de trinta personalidades, num fórum, apelaram à abertura de um inquérito judicial. E Dbeibah terá dificuldade em sair deste passo em falso depois de a comitiva do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Najla al-Mangoush, ter assegurado que o chefe da diplomacia líbia tinha sido comissionado pelo… próprio Dbeibah. As provas também estariam potencialmente na posse do gabinete de Najla al-Mangoush.