Após a derrota presidencial nas eleições legislativas, Umaro Sissoco Embaló terá de nomear o seu adversário, Domingos Simões Pereira, para primeiro-ministro.
É uma verdadeira esnobada para Umaro Sissoco Embaló. Enquanto as eleições legislativas da Guiné-Bissau decorreram a 4 de junho, tivemos de esperar até quinta-feira para saber quem foi o grande vencedor desta eleição. Mas especialmente o grande perdedor. Porque o partido do presidente, o Movimento pela Alternância Democrática (Madem), obteve apenas 29 das 102 cadeiras do Parlamento. Isso é menos de um terço dos assentos.
Mas é sobretudo a vitória da coligação PAI-Terra Ranka que surpreende. Se suspeitávamos que esta coligação, liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), acabaria na liderança, nunca imaginámos que obteria a maioria absoluta. De fato, a coligação deve terminar com 54 das 102 cadeiras, segundo dados provisórios da Comissão Nacional Eleitoral.
Como é habitual, mas sobretudo na Constituição do país, o futuro primeiro-ministro deverá, pois, vir da oposição. Será sem dúvida Domingos Simões Pereira, o presidente do PAIGC, que assumirá o cargo. A informação foi confirmada pelo presidente da Guiné-Bissau.
Embaló põe água no seu vinho
A convivência já promete ser histórica. Já porque a situação é catastrófica para Madem. O partido presidencial certamente perdeu as eleições legislativas. Mas acima de tudo muito fortemente. O Madem esperava ter uma maioria, mesmo relativa, para poder rever a Constituição. Não deveria ser.
Durante quatro anos, a coabitação será serena? Em todo o caso, é este o desejo do PAIGC, cujo dirigente pede tempo. “Pedimos que os adversários caminhem no sentido de contribuir para diminuir o sofrimento do povo da Guiné-Bissau”, indica a coligação que venceu as eleições.
Domingo Simões Pereira promete, por seu lado, “abrir uma nova página na história política do país” e “um novo começo”. Embaló, entretanto, aceitou os resultados destas eleições legislativas e promete “dar um passo atrás pelo bem da nação”, poucos dias depois de ter dito que recusaria a coabitação com o líder do PAIGC.
“Na política, não há inimigos permanentes. Se a coligação Terra-Ranka propuser o seu chefe de lista, vou nomeá-lo primeiro-ministro da Guiné-Bissau”, indicou o presidente que garante que vai “coabitar com o próximo governo”. Na Guiné-Bissau, acaba de nascer uma nova era…