Na África, onde aves congeladas importadas são onipresentes, vários países estão tentando trazer o “frango de bicicleta” de volta à moda.
Eles vêm principalmente do Brasil, dos Estados Unidos e até da Europa. O frango congelado é comum nas gôndolas dos supermercados, ainda mais desde o início dos anos 2010. É preciso dizer que a carne congelada tem algumas vantagens: pode ser conservada por mais tempo e, principalmente, é vendida a um preço baixo. Dependendo do país, tipo de variedade e origem, o frango congelado é vendido entre duas e quatro vezes mais barato do que o frango fresco. No Benin, o frango congelado ganhou um nome bastante surpreendente: é chamado de “frango do necrotério”.
O termo "necrotério" é, claro, simplesmente devido à aparência da carne, fria como cadáveres. Mas também pode estar relacionado com o mercado avícola africano que, devido a este tipo de aves, se tornou moribundo. Cerca de 2 milhões de toneladas de frango congelado são vendidas anualmente na África. Isso enfraqueceu consideravelmente os mercados locais.
Em alguns países, apenas o frango congelado responde por quase todo o consumo local. Em Gana, em 2020, 90% dos frangos consumidos foram importados do Brasil, Europa ou Estados Unidos. Ao todo, um quinto da carne consumida na África vem do exterior.
Mais importações no Benim em 2025
Isso é suficiente para diminuir as esperanças dos produtores avícolas locais, que agora estão focados no mercado de ovos, o mercado de carne agora sendo monopolizado por países estrangeiros. Alguns estados estabelecem impostos que estão longe de ser dissuasivos – apesar dos impostos, o frango importado continua muito mais barato do que o frango local. Outros decidiram apostar na produção local, como o Senegal. Dakar havia interrompido as importações na época da gripe aviária, em meados dos anos 2000. Isso permitiu que os produtores locais se saíssem bem.
Benin também gostaria de ver cair as importações de “frango necrotério”. Tanto que o governo estuda proibir a importação de frango e ovos congelados. O ministro da Agricultura, Gaston Dossouhoui, acaba de anunciar na segunda-feira. Claro, vai levar tempo. Mas o processo começou. “A partir de 31 de dezembro de 2024, não haverá mais ovos, nem frango congelado retornará ao Benin”, disse ele.
Para o Benim, trata-se agora de apostar num setor em declínio: o da “bicicleta-galinha”. O Ministério da Agricultura pediu aos produtores locais que "revitalizem (seus) galinheiros porque o mercado vai exigir".
No Benin, se a economia é um grande argumento, é também o aspecto da saúde que levou o governo a agir nesse sentido. As aves, principalmente importadas do Brasil, podem ser uma fonte de doenças. Nessas galinhas, “a gente injeta substâncias e ela pesa, ela incha. É por isso que queremos fazer a revolução da saúde para produzir o que nós mesmos comemos e comer o que produzimos”, resume Gaston Dossouhoui.