Enquanto o primeiro-ministro burquinense acaba de visitar a Rússia, o presidente de Gana garantiu que os homens de Wagner já estavam destacados em Burkina Faso.
Raio no mundo da diplomacia da África Ocidental: acusando Ouagadougou de ter autorizado o destacamento dos homens de Wagner, o presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, entrou em conflito com seu vizinho Burkina Faso. Burkina Faso, garantiu Nana Akufo-Addo, “concluiu um acordo para, como o Mali, empregar as forças de Wagner”. O chefe de Estado do Gana vai ainda mais longe ao assumir “que uma mina no sul do Burkina lhes foi atribuída como forma de pagamento pelos seus serviços”.
Uma suposição feita perante o secretário de Estado americano Antony Blinken que, em Ouagadougou, não passou despercebida, ainda que os novos dirigentes do Burkina Faso tenham sido excluídos do Cimeira EUA-África. Enquanto Nana Akufo-Addo garante que "os mercenários russos estão na fronteira norte" do Gana, e que a situação é "particularmente preocupante", o porta-voz do governo do Burkinabé contestou as declarações do presidente do Gana, preferindo "deixar-lhe a responsabilidade pelo que ele disse". Mas Ouagadougou convocou imediatamente o embaixador de Gana em Burkina Faso para pedir-lhe uma explicação.
Um pouco antes, no início de novembro, Burkina Faso havia recebido uma mensagem da Europa. O Parlamento Europeu tinha "aconselhado" o Capitão Traoré, designado Presidente da Transição, cuja luta contra o terrorismo é a prioridade, a recorrer aos serviços de Wagner. Evgueni Prigojine, o chefe do grupo paramilitar russo, tinha, no momento do golpe, "acolhido" e dado o seu "apoio" ao capitão Ibrahim Traoré.
Negociações em andamento?
Mas Nana Akufo-Addo tem provas do que afirma? Porque, com toda a probabilidade, se houver discussões entre Ouagadougou e Moscou, nada diz que Wagner já tenha enviado homens para Burkina Faso. O primeiro-ministro Apollinaire Kyelem de Tambéla visitou recentemente a Rússia, que parecia uma viagem para “assinar com Wagner”, segundo autoridades francesas. Do lado da embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, "os rumores sobre o destacamento de Wagner em Burkina Faso levantam sérias preocupações". Mas os fatos não estão estabelecidos.
De qualquer forma, Bamako nega. Ainda assim, o primeiro-ministro assegurou que a sua deslocação a Moscovo foi feita no âmbito de uma "visita privada", enquanto o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Mikhail Bogdanov, falou de uma deslocação efectuada para resolver "assuntos prioritários e o estreitamento das relações" entre Ouagadougou e Moscou.
“Vamos tentar, tanto quanto possível, diversificar nossas relações de parceria até encontrar a fórmula certa para os interesses de Burkina Faso. Mas não há como nos deixar dominar por um parceiro, seja ele quem for”, disse o novo primeiro-ministro de Burkina Faso em meados de novembro. Nana Akufo-Addo pode ter sido rápida em lidar com uma possível presença russa na fronteira com Gana, mas Wagner pode muito bem chegar a Burkina Faso nas próximas semanas.