No domingo, o primeiro-ministro civil do Sudão renunciou, apenas dois meses depois de ser reintegrado em seu posto pelos militares.
Final de novembro, O primeiro-ministro civil sudanês Abdallah Hamdok voltou ao seu posto. A reintegração obtida após a assinatura de um acordo com o general al-Burhane. Pouco menos de um mês antes, um golpe militar encerrou as funções do primeiro-ministro. Abdallah Hamdok foi então preso e detido.
Desde então, os manifestantes continuaram a protestar nas ruas de Cartum. Vários milhares de pessoas se opõem ao golpe de Estado do general Abdel Fattah al-Burhane. Manifestações que provocaram confrontos com as forças de segurança que ontem mataram duas pessoas de acordo com os movimentos de oposição ao regime militar.
E enquanto os manifestantes exigem mais civis no governo, o primeiro-ministro sudanês anunciou sua renúncia no domingo. Uma surpresa? Na verdade, não. Segundo fontes locais, o chefe do governo não ocupava o cargo há vários dias. Hamdok acredita que a atual transição, que ele conduziu até agora, foi um fracasso. "Fiz o que pude para evitar que o país caísse no desastre, pois hoje passa por uma perigosa virada que ameaça sua sobrevivência", explicou ele à televisão.
O ex-primeiro-ministro deplora uma fragmentação de “forças políticas” e “conflitos entre os componentes da transição”. Ele deplora o fato de que nenhum consenso foi encontrado. Conseqüência: Hamdok não consegue "acabar com o derramamento de sangue". Estamos longe das promessas feitas depois que Omar al-Bashir foi deposto pelo exército.
E quanto a essa transição, que exigia que os militares entregassem o poder aos civis antes das eleições marcadas para 2023? Desde 25 de outubro, ninguém esperava por isso. Quando o general al-Burhane estendeu seu mandato como chefe do país por dois anos, estava claro que Abdallah Hamdok falharia. Especialmente porque o soldado dispensou os civis que corriam o risco de ofuscar os homens no local.
No entanto, o povo continua exigindo poder civil. Até mesmo Hamdok foi visto como conciliador demais com os militares, com os manifestantes querendo o poder civil sem negociações. Desde 25 de outubro, pelo menos sessenta manifestantes foram mortos. A junta militar acredita que essas "manifestações são uma perda de energia e tempo" e que "nenhuma solução política" pode ser encontrada nas ruas.